‘Design Loves Alcobaça’ foi um
projecto que tomei conhecimento há uns dias.
Um dos muitos projectos existentes, a ideia claro parece me bastante boa
e simpática a todos os que possam estar interessados em participar e o objectivo
é por si claramente nobre, ao tentar promover artigos locais e design local.
Contudo, ao reflectir um pouco,
dei comigo a ir de encontro um pouco ao que escrevi há uns anos num Jornal
local, parece me que andamos sempre um bocadinho atrás no tempo em relaçao aos
outros. Os proprios responsáveis pelo projecto dizem que não é algo novo, que
remonta ao início da década de 90, a ideia de criar design e o associar a
artigos fabricados a nível nacional e local, em conjunto divulgá los e promover
em conjunto internacionalmente as
empresas. Se por alguma razao este projecto nao avançou, foi porque encontrou
obstaculos de diversas naturezas, eis importante reflectir porque, pois delas
podemos retirar liçoes. Chega a ser um
pouco perverso, tentar colocar em prática ideias surgidas ha mais de 10 anos e
pegar nelas como se fossem a coisa mais inovadora do Mundo !
Este tipo de projectos proliferou
um pouco por todo o Mundo, nalguns casos com maior ou menor sucesso, dependendo
da estratégia utilizada. Mesmo
a nível nacional, há empresas privadas a desenvolver o fim ultimo deste
projecto há diversos anos, nalguns casos, como digo, com maior ou menor
sucesso, dependendo da estratégia utilizada. Infelizmente, neste caso
ultimo, a nível nacional, grande parte com menor sucesso.
Muitos dos projectos nacionais existentes
de apoio a internacionalizaçao, quer ao nivel governamental, quer associativo,
sao a meu ver, bons de conceito, de nada dotados de estratégia para o fim
ultimo a que se destinam. Pior, desenvolvidos por quem nao sabe nada de nada de
internacionalizaçao de empresas, de realidade comercial internacional e de
marketing. Que nao conhece canais de mercado
e produtos alvo. Enfim, muito poderia enumerar para o fracasso destes
programas, mas nao é a esse fim que se destina esta minha pequena reflexao. A
seu tempo, poderei pronunciar me sobre isso.
‘Design Loves Alcobaça’ fez me de
imediato relembrar um exemplo que acompanhei de perto há um par de anos atrés
em Shanghai. No âmbito de um programa de internacionalizaçao de empresas , vi
uma empresa nacional, distinguida com um prémio internacional de design, ser
apoioada a nível logístico e financeiro na sua deslocaçao a um certame
internacional do sector. Esta empresa faz há alguns anos, precisamente o que o
Design Loves Alcobaça procura fazer. Cria design e aplica a materiais
fabricados a nível nacional.
Os objectos apresentados eram
realmente bastante inovadores, sobretudo porque davam utilidade a materiais que
julgamos serem apropriados para fins diferentes, isto aliado a um design super
moderno e inovador. A minha peça preferida na altura, fora um lavatório de
maos, para WC, em cortiça prensada. Eu pensei, isto é realmente fantástico e
fiquei contente por uma empresa nacional se poder demarcar de tal forma numa
exposiçao.
Chegamos entao ao ponto onde
quero chegar, somos realmente bons, sabemos mostrar nos e temos produto.
Sabemos distinguir nos a nível internacional, coisa que nao sabiamos fazer ha
10 anos atras. Temos orgulho
neste momento e brio a fazer as coisas. Continuamos com um problema, nao
sabemos impor nos!!
Eis o problema, podemos todos organizar
nos da forma que quisermos, que quando chegamos lá fora, somos que nem peixes
fora de água. Tal qual como no tempo dos
descobrimentos, soubemos chegar a terras distantes através da » Respublica
Christiana », descobrimos metade do Mundo, mas nao o soubemos manter.
Ha algumas justificaçoes para
isso também, que decorrem de muitos factores, mas sobretudo porque nao nos
dotamos de pessoas que o saibam fazer.
Assim como nos descobrimentos ,
deixámos que fossem os amigos do rei nomeados para governadores locais da
colonias, que procuravam luxos ; assim nos deixamos pessoas nulas gerir os
fundos comunitarios para apoio de internacionalizaçao, assim nos rodeamos de
pessoas nas associaçoes comerciais e empresariais e autarquias. Nós damos a
linha da frente do nosso sucesso a quem infelizmente nao é dotado de saber, nem
de preparaçao para o efeito. Nao digo que nao sejam esforçados, mas esforço nao
é sinónimo de eficiencia.
Voltando ao ‘Design Loves
Alcobaça’, parece me que enfrentará 10 anos depois obstáculos diferentes. Podemos ter desing criado, até com
poucos custos, mas que empresas estarao preparadas para investir no
desenvolvimento de peças sem retorno imeadiato garantido.
Porque tudo tem um custo, nao se
cria de graça. Nao basta desenvolver 10 artigos promocionais a Alcobaça,
oriundos de fabricantes Alcobacenses. Por exemplo, por um artigo de ceramica (
falo em ceramica porque me é mais familiar), a que seja adicionado um design,
tem que ser feito um investimento em moldes. A ceramica industrial nao é criada
manualmente, um prato nao se faz a mao, ou uma caneca. Para ter um objecto físico para divulgar, é
preciso um molde. Um molde custa centenas de euros. Ora, um artigo em ceramic
nao basta, precisamos de 100 artigos, para ter a possibilidade de vender 10
artigos. Em 100 peças apresentadas,
apenas 10 peças venderao. Acham mesmo que os empresarios locais alcobacenses
vai poder suportar esse esforço financeiro ? Porque isto é um investimento de retorno a
medio, longo prazo, nao é imediato e todos sabemos como as empresas estao
descapitalizadas. O mesmo se passa com o vidro e outros materiais, os custos de
desenvolvimento sao enormes, exige um esforço financeiro enorme. Noutras
areas, de artesaos, pergunto me como podem pensar em internacionalizar, se
depois nao há capacidade de resposta.
Depois, mesmo que tivessemos
artigos disponíveis, há muitas questoes em aberto, quem conduzirá a estrategia
deste projecto, de que pessoas se vao rodear, a que nivel sera o apoio
financeiro e sobretudo da autarquia ? Esse investimento será ao nível de
instalaçoes e despesas de logistica para certames internacionais, como ha anos
se faz ? Será para nos saber fazer chegar lá fora apenas como tenho
relatado ? Ou será de uma vez por todas para saber is buscar pessoas que
saibam fazer nos mostrar e impor o nosso valor lá fora ? Que saibam fazer
transpor este investimento em lucro de uma vez por todas. É que eu receio ver
este projecto cair como tantos outros, onde a autarquia de alcobaça gasta
dinheiro, nos da visibilidade pour duas semanas, mas que lucro para as
empresas, é zero. Sao estas
que necessitam ser apoioadas, para desenvolvimento do concelho. É que
infelizmente, estas empresazs ainda nao podem pagar os salaries com
visibilidade, com notoriedade ou com exposiçoes catitas na ala sul do Mosteiro
de Alcobaça!!
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