Após Setembro de 2006, por ocasião da apresentação na Galeria de Exposições Temporárias do Mosteiro de Alcobaça da colecção de cerâmica da Casa-Museu Vieira Natividade, em que para além desta colecção, foi feita uma breve apresentação de actuais modelos das nossas fábricas locais, nunca mais vi nenhuma manifestação de tal qualidade do sector em Alcobaça. A intenção do comissário para esta exposição era "um diálogo entre os quatro séculos de cerâmica representados naquela colecção e a produção actual".
Sinto um certo desassossego em saber que o nosso concelho é tão rico neste sector, muito embora este esteja em crise, mas que não se faça nada para premiar a criatividade destas empresas resistentes, que todos os dias se esforçam para desenvolver novos produtos e que tentam ser competitivas em marés tão negativas.
No referido certame de há 3 anos atrás, muitas mais empresas deveriam ter estado presentes se realmente queríamos demonstrar a força da cerâmica em Alcobaça, mas compreendo que não era a ocasião mais adequada, quando a atracção principal era a colecção antiga da Casa Museu. Aspeças apresentadas de fábricas locais eram apenas um breve apontamento, o tal "diálogo" a que o comissário se referiu entre o antigo e o moderno.
Sendo assim, tenho vontade de ver a expressão da nossa cerâmica num evento em exclusivo dedicado a ela, tenho sede de ver o que de criativo se faz no quotidiano nas empresas da região, anseio ver estas empresas orgulhosas de expor os seus produtos e serem premiadas pela criatividade e espírito de resistência em dias tão difíceis do sector; quero vê-las destacar pela positiva ao invés de serem manchete de jornais com encerramento de portas. Há que fazer esse manifesto hoje e não premiar esforços quando estes de nada valem...
Tratemos de juntar esforços e organizar uma exposição de cerâmica à altura de Alcobaça, à altura da comunidade alcobacense, com as nossas fábricas e mostrar o que sabemos fazer. Muitas destas fábricas são 80% viradas para o mercado exterior e muitos dos seus produtos grandemente apreciados no estrangeiro. Algumas destas fábricas fazem-se representar nos certames internacionais de maior prestígio, mas na cidade são consideradas os parentes pobres...Vamos trazer as pessoas à cidade e mostrar o nosso manifesto a estes trabalhadores e criadores "sobreviventes" que em tempos tão difíceis, todos os dias remam contra a maré, fazendo o “caminho contrário daquele que é esperado, a resignação. É aqui que reside o valor e coragem destas gentes…
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